NING, obra cênica do projeto RESUMO DA ÓPERA, é apresentada ao público no Theatro José de Alencar

Grupos No Barraco da Constância tem! e Teatro Máquina apresentam no foyer e na sala Nadir Papi Saboya do TJA uma amostra do material desenvolvido para plateia limitada

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Foto: Levy Mota

Nesta quarta (29) e quinta-feira (30), após meses de preparação, entre pesquisa, ensaios e encontros virtuais-colaborativos, um público limitadíssimo poderá conferir a obra “NING”, uma prévia do projeto “Resumo da Ópera: da arquitetura de uma nação à invenção de um outro Guarani”, criado pelos grupos No Barraco da Constância tem! e Teatro Máquina.

O Theatro José de Alencar, que foi cenário e ao mesmo tempo “personagem” desse trabalho, abre o foyer e a sala Nadir Papi Saboya para uma plateia de até 15 pessoas em cada uma das oito sessões que serão realizadas (4 por dia), nos horários de 14h30, 16h30, 18h30 e 20h30.

Os ingressos gratuitos que estavam disponíveis na plataforma Sympla já esgotaram. Quem conseguiu garantir, deve apresentar o comprovante pelo celular ou de preferência já impresso na entrada. O local seguirá todos os protocolos de segurança recomendados em decorrência da pandemia da Covid-19, como, distanciamento social, disponibilidade de álcool gel e está expressamente proibida a entrada de pessoas sem máscara. Além disso, a primeira sessão do dia 29, às 14h30, contará com intérprete de LIBRAS e transmissão ao vivo pelo canal do Youtube do TJA.

O projeto, com direção de Honório Félix (No barraco da Constância tem!), conta com uma equipe de 32 profissionais envolvendo linguagens artísticas como literatura, teatro, música, audiovisual, artes visuais, além de pesquisadores das áreas de história, arquitetura e antropologia. O “Resumo da Ópera” é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura, através do Fundo Estadual de Cultura, com recursos da Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020 – Lei Aldir Blanc

Na contramão de uma provável homenagem, o trabalho livremente inspirado no “O Guarani” – romance de José de Alencar – e “II Guarany” – ópera de Carlos Gomes, instiga a crítica e busca desmontar a ideia de simbolismo nacional propagada, a exemplo dessa criação operística, que completou 150 anos em 2020. Marcando a fase indianista no romantismo brasileiro e projetando os primeiros passos rumo à invenção do que seria a identidade nacional do povo brasileiro, obras como essa são, ainda hoje, símbolos que se perpetuam no nosso imaginário, com forte apelo e identificação popular.

            Para essa releitura, os grupos traçam uma linha paralela com o gênero de ficção científica de produções cinematográficas, explorando principalmente as estratégias simbólicas das potências mundiais para a romantização de suas colônias e explorações espaciais. Outras fontes de investigação foram obras do gênero space-opera, clássicos filmes de guerra e a construção dos seus heróis, a conquista-invasão de territórios, o apagamento da diversidade de povos em nome de um projeto único de nação e, principalmente, as ferramentas sócioculturais (Artes e Comunicação, dentre outras) utilizadas e financiadas para a difusão em massa de todas essas práticas.

Como se cria uma identidade? Quem financia? A quem serve?  São algumas perguntas que orientam o projeto e que buscam despertar no público uma atualização do pensamento sobre a arquitetura da identidade nacional a partir da chegada dos europeus em terras indígenas, hoje Brasil.

ENCONTROS COLABORATIVOS

            Para a pesquisa e montagem, os grupos convidaram alguns pesquisadores/colaboradores de distintas áreas para a conduzir momentos de produção e partilha de saberes acerca das temáticas que permeiam o processo de construção da obra cênica. Foram eles: Alexandro Silva de Jesus (PE), Cacique Pequena (CE), Érica Zíngano (CE), Kaká Werá (SP) e Marcos Felipe Vicente (CE). Cada um deles, a partir da sua área de pesquisa e/ou pertencimento identitário, dialogou e apresentou considerações e perspectivas a partir das questões presentes no trabalho. Todos os encontros estão disponíveis no canal do Youtube do Theatro José de Alencar para apreciação de interessados.

O GUARANI – A OBRA

O Guarani, foi uma obra publicada inicialmente no formato de folhetim e que se torna oficialmente um livro em 1857. Ela narra a história em torno do romance de Ceci (branca e fidalga), o índio Peri e todos os conflitos gerados por essa relação no período da colonização, no início do século XVII, no interior do Estado do Rio de Janeiro, em uma fazenda às margens do rio Paquequer.

Com forte apelo nacionalista, característica já marcante do estilo de José de Alencar onde o tema principal é o Brasil, o Guarani tenta apresentar o que é típicamente brasileiro, voltando o olhar para a relação colonizado e colonizador (representados no romance pela relação de Peri e Ceci). A obra faz parte do projeto ideológico e estético do autor cearense e se relaciona à expressão do nacionalismo romântico.

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Com as limitações impostas pela pandemia da Covid-19, o projeto passou por reformulações necessárias para garantir a segurança de todos os envolvidos e ao mesmo tempo manter seu propósito artístico. O resultado final desse esforço foi um trabalho híbrido entre teatro e audiovisual que se dividiu em três momentos: O primeiro aconteceu com os encontros colaborativos virtuais (Youtube do TJA); o segundo são essas apresentações com uma amostra do material captado e o terceiro está previsto para o primeiro semestre de 2022 com a distribuição finalizada desta obra audiovisual.

Resumo da Ópera: da arquitetura de uma nação à invenção de um outro Guarani

Realização: No Barraco da Constância tem! e Teatro Máquina

Direção: Honório Félix

Dias: 29 e 30 de Setembro

Local: Foyer – Theatro José de Alencar (R. Liberato Barroso, 525 – Centro)

Horários: 14h30, 16h30, 18h30 e 20h30

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