Criatividade, inovação e, principalmente, consciência social e ambiental estão no centro dos designs das marcas selecionadas para o Awake, evento inédito realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), entre os dias 18 e 20 de setembro, durante a Semana de Moda de Milão. O objetivo é impulsionar a moda sustentável brasileira no mercado internacional.
Para a ação, a ApexBrasil selecionou, com o apoio das empresas especializadas em moda sustentável ADN Reset e Métier Tropical, 20 marcas brasileiras do setor. Marcado para ocorrer no Terrazza Martini, Piazza Diaz, em Milão, na Itália, o Awake terá exposição interativa, mostras, talk, rodadas de negócios e contará com a presença de formadores de opinião do segmento da moda nacional e internacional, além de líderes de empresas internacionais interessadas em moda autoral e ambientalmente consciente.
Entre as 20 empresas participantes, quatro são nordestinas: Alina Amaral, de Alagoas; Jordana Rocha, da Bahia; Catarina Mina e Marina Bitu, ambas do Ceará. Cada uma delas utiliza materiais locais, tradicionais, envolvem artistas e artesãs da região e estão aliançadas com a sustentabilidade.
“Estamos muito felizes e honradas com essa seleção. Temos um trabalho de oito anos de capacitação de mulheres na arte do bordado livre, da singeleza, na periferia de Maceió. Já foram capacitadas mais de 250 mulheres. Elas estão ressignificando suas narrativas e histórias de vida através das artesanias e da possibilidade de um ganho real com o bordado”, conta Alina Amaral, criadora da marca que leva seu nome.
A designer e empresária explica que Alagoas tem a maior quantidade de manualidades e nomenclaturas artesanais registradas no Brasil. “Somos um berço de artesania no Nordeste e no país. É uma alegria muito grande ver a voz das mulheres artesãs cruzarem fronteiras e chegarem a um mercado tão importante para a moda mundial por meio dos nossos bordados. Nossas peças falam do nosso afeto, da nossa ancestralidade, da nossa origem, de mulheres sertanejas, de mulheres nordestinas, da beleza do sertão de Alagoas, do Rio São Francisco, das lendas e histórias contadas pelos populares nas diferentes regiões do estado”, afirma Alina Amaral.
Sobre as quatro marcas nordestinas
Alina Amaral (Alagoas): As criações de Alina Amaral abraçam os princípios do slow fashion. Seu trabalho é caracterizado por uma desconstrução do bordado tradicional, no qual a assimetria e os volumes criam uma sensação de movimento dinâmico. Cada coleção reúne materiais reciclados que homenageia o antigo e o novo, pois carrega consigo as histórias dos tecidos e das mãos que os criaram. Conheça em: @alinaamaraloficial
Catarina Mina (Ceará): Sua abordagem colaborativa homenageia as mãos que criam cada peça. Cada sacola carrega consigo a história de seu fabricante, acessível por meio de um simples código QR, que conecta diretamente o consumidor ao artesão por trás de cada criação. Fundada por Celina Hissa, a marca mescla sustentabilidade, artesanato tradicional brasileiro e design contemporâneo. Conheça em: @catarinamina
Jordana Rocha (Bahia): A marca de Jordana Rocha celebra a arte da joalharia artesanal, ao mesmo tempo em que abraça uma estética contemporânea. Nascida na cidade de Jequeri, em Minas Gerais, a conexão de longa data de Jordana com as esmeraldas – uma pedra que define o DNA de sua marca – brilha em seus designs minimalistas, mas distintamente pessoais. Foi fundada em 2016 em Belo Horizonte, mas atualmente está sediada em Trancoso (BA). Conheça em: @jordanarochaofficial
Marina Bitu (Ceará): O trabalho de Marina Bitu valoriza a beleza de materiais tradicionais como linho, seda e algodão, que são transformados em roupas que misturam o antigo com o novo. O compromisso de Marina com a sustentabilidade é evidente no uso de materiais inovadores como fibra de bananeira e plástico biodegradável, que ela incorpora em seus designs com o mesmo cuidado e arte dos tecidos mais tradicionais. Conheça em: @marinabitu
O Awake e os critérios ESG
A seleção das marcas teve como base critérios relacionados com os pilares ESG (sustentabilidade ambiental, social e governança) e fatores como o preparo para exportar; a relação com a cultura e tradição locais; o uso de materiais regionais e de técnicas artesanais e tradicionais; e a adoção de designs inovativos, sustentáveis e duráveis.
“É nesse contexto de ampliação das ações e dos debates em torno do consumo consciente, do crescimento sustentável das empresas e de posicionar o Brasil como um produtor mundial de excelência em moda sustentável que o Awake chega em Milão nos próximos dias”, afirma Jorge Viana, presidente de ApexBrasil, reforçando que o evento valoriza “essa fusão de tradição e inovação que cria um cenário de moda único, rico em história e voltado para o futuro”.