A galeria Contemporarte recebe, a partir de 7 de dezembro, parte do acervo da Galeria Ignez Fiúza, na exposição “Remanescer”, primeira mostra com os “guardados” da galerista, falecida em fevereiro deste ano e considerada a “Dama das Artes Plásticas” cearense. A exposição segue até 3 de fevereiro de 2017, das 10 às 19h, na Galeria Contemporarte, Rua Vilebaldo Aguiar, 300.
Uma das maiores incentivadoras do movimento artístico cearense, Ignez Fiúza promoveu uma notável geração de artistas, compartilhou conhecimentos e lançou o seu olhar sobre verdadeiras preciosidades. A exposição traz uma mostra das belezas guardadas por ela e um apanhado de pequenos tesouros do acervo da galeria, disponíveis para compra.
Para o momento, foram selecionadas obras de Aderson Medeiros, Afonso Lopes, Aldemir Martins, Barbosa Leite, Carmélio Cruz, Chico da Silva, Floriano Teixeira, Gilberto Cardoso, Iberê Camargo, José Guedes, José Tarcísio, Maciej Babinski, Milton Dacosta, Otto Cavalcanti, Sergio Lima, Sergio Pinheiro, Sérvulo Esmeraldo e Siegbert Franklin.
Elizabeth Fiuza, filha de Ignez, lembra o estilo único da galerista. “Gostava de misturar várias linguagens artísticas sem nunca chegar ao vulgar. Criava ambientes onde as obras dos artistas se mesclavam com uma gastronomia regional e requintada, ornamentação de flores locais e tropicais vibrantes, música, dança, literatura, num caleidoscópio próprio de uma mulher múltipla com um verdadeiro espírito de artista, que sabia fazer acontecer”. Para ela, a mostra revela um microcosmo do seu legado para as artes plásticas no Ceará, por se tratar de “achados” do acervo da Galeria. “Cada obra traz em si histórias da trajetória dos artistas, da relação deles com a galeria Ignez Fiuza e de sua inserção na cultura local”, afirma.
De acordo com Aldonso Palácio, diretor da Contemporarte e admirador da galerista, a exposição é uma grande homenagem à Ignez Fiúza e momento de receber os artistas e admiradores de seu olhar vivaz e entusiasmado. “A história de Dona Ignez se confunde com a história da arte dos últimos 40 anos no Ceará. Aproveitaremos a ‘Remanescer’ para celebrar a vida, a obra, o nome e o legado dessa mulher que é referência para todos nós que amamos a arte”, antecipa.
Para o artista Roberto Galvão, o momento será de saudade e reconhecimento. “Foi na sua Galeria que estudei como se organiza e monta uma exposição de artes plásticas, como se deve emoldurar um quadro, como devemos nos comportar diante dos possíveis clientes, como devem ser os ‘vernissages’. Foi com Ignez que aprendi grande parte ou quase tudo que sei do mundo profissional das artes, mesmo sem ela nunca ter me falado sobre qualquer desses assuntos. Ela me serviu e, ainda hoje me serve, como referência e parâmetro. Foi nas paredes da sua Galeria que aprendi a respeitar as artes de Floriano, Aldemir, Cela e Vicente Leite, para não citar um rosário de outros nomes de artistas cearenses e nacionais”, relembra.
IGNEZ FIÚZA
Considerada uma das maiores incentivadoras das artes no Ceará, Ignez Fiuza iniciou sua trajetória na área de decoração e antiquário. O início no universo das Artes Plásticas foi em 1970, com o incentivo do amigo e pintor Floriano Teixeira.
A galeria começou com o nome de Recanto de Ouro Preto e depois recebeu o nome da fundadora. Por lá, transitaram obras de artistas cearenses de reconhecimento nacional, de artistas brasileiros conceituados aqui e no exterior. Cresceram e se firmaram talentos da pintura cearense. Formou-se um mercado de arte.Sediou cerca de 300 exposições, promovendo mostras de objetos, esculturas e pinturas.
Por quarenta anos, Ignez inquieta e resoluta não parou de trabalhar, deu notoriedade a diversos artistas locais e nacionais. Sua presença sempre foi uma referência de olhar para a cultura com a sensibilidade de quem amava as artes.
CONTEMPORARTE
Fundada em 2014, a Contemporarte surgiu como um projeto de empreendedorismo dos sócios Aldonso Palácio e Mário Acioli, dois apaixonados pela arte contemporânea nacional do século XX e XXI, sobretudo a cearense.
A princípio, funcionou como galeria online, no intuito de facilitar o acesso a gravura e arte cearense para um público cada vez maior e conectado. Desde 2015, conta com sede física, onde tem abrigado grandes exposições, além de promover artistas e reunir um público que aprecia o belo e dissemina a arte contemporânea.
Assim, a galeria incentiva uma nova geração de colecionadores, oferecendo obras com real valor artístico de nomes estabelecidos no cenário e de uma nova safra promissora de artistas.
REMANESCER
Exposição de parte do acervo da Galeria Ignez Fiúza.
Curadoria | Aldonso Palácio
Colaboração | Ticiana Fiúza, Elizabeth Fiúza e Ignes Meneleu Fiúza
Texto | Roberto Galvão
Artistas | Aderson Medeiros, Afonso Lopes, Aldemir Martins, Barbosa Leite, Carmélio Cruz, Chico da Silva, Floriano Teixeira, Gilberto Cardoso, Iberê Camargo, José Guedes, José Tarcísio, Maciej Babinski, Milton Dacosta, Otto Cavalcanti, Sergio Lima, Sergio Pinheiro, Sérvulo Esmeraldo e Siegbert Franklin.