Com o subtítulo de “Um Sonho que Liberta”, conduz o torcedor pelos anos recentes da história leonina até a conquista da vaga para a Libertadores – o maior feito da história do clube
“Meu Tricolor de Aço 2: Um Sonho que Liberta” é uma prestação de contas com o torcedor. E funciona muito bem nesta perspectiva. O longa, de pouco mais de 1 hora e 10 minutos passeia pelo pós-acesso à Série B até a classificação para a Copa Libertadores no ano passado. Aliás, aí já pode ser citado um ponto baixo da projeção: o “sonho que liberta” – um excelente trocadilho, diga-se de passagem – fica tímido diante do conteúdo montado.
Ao mesmo tempo que funciona muito bem para levantar o moral do torcedor tricolor, mostrando o quanto ele foi importante na retomada da equipe, depois de tanto tempo em uma amarga Série C do Campeonato Brasileiro, não deve repetir o êxito com outros públicos, que igualmente poderiam sentir a grandeza das conquistas gloriosas do clube nos últimos cinco anos. Exatamente por não concentrar o seu clímax na temporada 2021, o ano que mudou a vida do Tricolor ao leva-lo para a Libertadores em uma campanha belíssima, é uma exibição voltada a quem é leonino. E talvez seja esse o objetivo central mesmo, o que está longe de ser errado. Quando se faz um filme, faz-se com objetivos específicos.
É fácil compreender onde o problema fílmico se concentra ao ouvir o roteirista na pré-estreia. “Meu Tricolor de Aço 2” não foi pensado, a princípio, com o objetivo atual. Teria um recorte até 2020. No entanto, a pandemia do novo coronavírus aliada à má campanha no Brasileiro, que quase culminou com o rebaixamento, deu uma guinada nos planos que foram ampliados para a temporada 2021. A nova guinada foi acertada, mas mal executada.
Mesmo assim, temos uma narrativa que impulsiona a paixão da torcida. Novamente, como prestação de contas com o torcedor, funciona bem demais. Dificilmente, um torcedor do Leão sairá insatisfeito. Principalmente, após más estreias na Libertadores e na Série A, ao suscitar o poder de reação que o Leão do Pici tem. Renovando as energias e as esperanças. De alguma forma, todo o sofrimento anterior, a retomada e a consolidação, fazem parte de um sonho, antes dado como impossível, mas agora real. A ideia de misturar ficção com realidade em pseudodocumentário é um diferencial. Embora, novamente a execução careça de trato melhor.
Os depoimentos buscam confirmar o que está sendo narrado e são muito bem produzidos. Nós vemos declarações de amor claras do ex-técnico Rogério Ceni, de jogadores como Tinga, Marcelo Boeck e Osvaldo, do poeta Bráulio Bessa, e tantos outros com a história ligada diretamente ao Tricolor de Aço.
No final, embora falte mais poesia, “Meu Tricolor de Aço 2: Um Sonho que Liberta” não deixa de ser uma ode ao time do Parque dos Campeonatos e aos feitos recentes de uma das maiores forças do Estado. Sem contar que é futebol. Sendo tricolor ou não, vale a pena dedicar 70 minutos do seu dia.