Filme, estrelado por Marianna Alexandre, mostra como a jovem cantora chegou à fama e aos status de primeira pop star do rock brasileiro
Celly Campello foi a primeira grande estrela, pop star, por assim dizer, do rock brasileiro. Forjada no final dos anos 1950, ela teve uma carreira breve, mas ditou moda e passeou pelo estilo musical em sua introdução no Brasil. Quando abandonou os palcos precocemente, deixou os fãs órfãos de um modelo a ser seguido. Tanto que as gravadoras tentaram impor uma substituta à altura, mas falharam em praticamente todas as tentativas. E aí é que está o mérito principal de “Um Broto Legal”, filme dirigido por Luiz Alberto Pereira: mostrar a formação da cantora e como ela foi importante para uma geração.
O bom disso é que o filme, ainda com distribuição limitada no Brasil, pode atingir mais objetivamente o público jovem atual. A história mostra como os irmãos Celly e Tony Campello desafiaram o conservadorismo daqueles longínquos anos 1950 para se apresentarem e crescerem na música.
Quem vive a estrela do rock cinquentista é a atriz e tiktoker Marianna Alexandre, em seu primeiro trabalho no cinema, dona de 6 milhões de seguidores na rede social. E, diga-se de passagem, a sua atuação é bem consistente, trazendo muito da inocência e, ao mesmo, força de Celly em seu confronto com a sociedade. Murilo Armacollo como Tony Campello também está bem verossímel. Aliás, é bom citar que o próprio Tony foi consultor do longa, ajudando na pesquisa histórica.
O filme todo foi gravado em 2019 e foi um dos tantos impactados pela pandemia de Covid-19. E editado durante o período em que os cinemas mais sofreram com a falta de exibições. Agora, a produção que chegou aos cinemas na Mostra “200 anos da Independência em 200 filmes”, realizada em São Paulo e de forma online e ainda está com distribuição limitada pelo país.
Outro ponto alto são os números musicais. Eles realmente empolgam e trazem você para uma imersão na história. Claro que “Um Broto Legal” não se configura como um musical propriamente dito, mas tem cenas que compõem muito bem os ambientes musicais daquela época.
A relação entre os irmãos Celly e Tony, que se incentivam enquanto vivem envoltos na censura da família e de outras pessoas próximas, é bem conduzida – o que faz com que nós, que estamos assistindo, nos preocupemos com eles. E por falar em censura, o filme tem um outro ponto interessante a se destacar, que são exatamente as imposições da sociedade brasileira (agrária, conservadora e machista) à fama de Celly Campello em um meio extremamente masculino.
Muito embora as narrativas queiram apontar que a própria Celly Campello tenha manifestado interesse em ter uma vida dita “normal”, longe dos holofotes e sem fama, o filme aponta a existências de pressões que a cantora sofreu para não ir longe na carreira. No auge, aos 20 anos, ela trocou a música pelo casamento, como se um não pudesse coexistir com o outro.
Embora esteja limitada em seus pouco mais de 90 minutos e não evolua em questões sociais e culturais mais profundas, “Um Broto Legal” é um filme competente no que se propõe a oferecer: um passeio rápido, como a própria carreira de Celly, pela vida pré e midiática da artista.