Vamos falar sobre o futebol?

 

Com ameaça iminente da Covid-19, paralisação do futebol deve voltar a ser discutida
Crédito: Lenílson Santos/Ferroviário AC

“Nós estamos apavorados!”. O apelo do até então dito Lisco Doido mostra que o técnico do América/MG, ex-Ceará, de louco não tem nada. Apenas, está fazendo uma leitura precisa do que acontece no Brasil no qual vivemos atualmente. Para longe de qualquer ideologia, o país (re)vive o pior momento da pandemia do novo coronavírus. E o esporte não pode viver em mundo paralelo a isso. Se parou na 1ª onda, deve parar também na 2ª. Irremediavelmente.

Os fatos estão aí para demonstrar a necessidade disso. Rapidamente, num lampejar de lembrança, é possível enumerar apenas os fatos recentes para chegar a essa conclusão:

1. Os recordes de mortes por Covid-19 batem recordes diários. Nessa quarta-feira (4), foram 1910 óbitos pelos registros do Ministério da Saúde. O consórcio de veículos de imprensa divulgou um pouco menos (1840).

2. O Corinthians tem um novo surto da doença, com 19 casos já confirmados. Alguns jogadores com sintomas mais sérios.

3. A Chapecoense paralisou nesta semana as atividades das categorias de base devido ao agravamento da pandemia.

4. A partida entre Chapecoense e Avaí, que seria disputada no último domingo (28), foi adiada pela impossibilidade de ter ambulância no estádio. Todas estavam voltadas para atender as chamadas de urgência de pacientes infectados.

5. Três dias depois, a Federação Catarinense de Futebol achou melhor paralisar o Estadual por 15 dias.

6. Sem contar que, constantemente, os clubes apresentam jogadores contaminados. Palmeiras e Santos estão na lista mais recente.

7. E o dado mais importante: com uma variante mais contagiosa, o País está evoluindo nas infecções de forma uniforme. O que dá poucas chances de que um Estado possa socorrer o outro em caso de colapso.

Internações seguem tendência de alta em todo o Brasil Crédito: Warley de Andrade/TV Brasil

Alta contaminação

Levantamento do Esporte Espetacular, da TV Globo, mostra que a Série A do Campeonato Brasileiro teve 320 casos de Covid-19 entre jogadores e técnicos. Se fizermos uma estimativa de 30 jogadores, em média, por elenco mais 20 técnicos, teríamos cerca de 50% de atletas e treinadores contaminados. Isso sem contar que os clubes possuem uma gama de outros funcionários, assim como federações e a própria CBF.

Detalhe é que estamos falando de uma competição disputada quase toda sem a presença (pelo menos, não confirmada) da nova cepa do Amazonas, que já tem transmissão comunitária pelo Brasil. São motivos suficientes para que o futebol pare novamente antes que comece a causar danos maiores aos personagens do esporte. E a todo o seu entorno. Porque, obviamente, os jogos provocam aglomerações em restaurantes e dentro das casas. E as redes sociais estão aí para provar isso.

Jogadores ainda não perderam a vida no Brasil, mas técnicos já pereceram diante da Covid-19: Marcelo Veiga, que já passou pelo Ferroviário, Renê Weber, Ruy Sacarpino, ex-Ceará…

Entre todos os municípios que pararam com as atividades não essenciais, a única que deixou claro que as atividades esportivas deveriam parar sem esperar pelas entidades responsáveis, foi Araraquara, no interior de São Paulo. Tanto que a estreia da Ferroviária, time da cidade, no Paulistão, foi em Campinas. O jogo da próxima segunda-feira (8), o segundo que deveria ser em casa, também deve ocorrer ainda em outro local.

Não é necessário apenas que o Brasil pare mais uma vez, mesmo sabendo dos problemas sociais e econômicos que isso pode trazer, mas também todas as atividades que não forem realmente necessárias. E o futebol, neste momento, é um deles. E CBF e federações devem se posicionar.

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