Edição de junho do RADAR FEBRABAN, pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos, mostra que a maioria dos nordestinos sente que inflação subiu muito, afetando principalmente o consumo de alimentos. No Nordeste, a maioria dos entrevistados (93%) afirma que o preço dos produtos aumentou ou aumentou muito em relação ao início do ano. Da mesma forma, oito em cada dez entrevistados (79%) apontam que o consumo de alimentos e outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais tem sido impactado pela inflação.
(A pesquisa nacional pode ser conferida aqui e o recorte regional pode ser conferido aqui)
O levantamento apontou ainda que a recuperação econômica está longe do horizonte dos moradores da região. Mais da metade dos entrevistados (57%) acredita que a sua vida financeira e familiar só irá se recuperar após 2022 ou isso sequer acontecerá. Quando pensam na recuperação da economia do país, é mais elevado o contingente de pessimistas (80%). Alinhados com esse sentimento, 68% têm expectativa negativa também no que se refere ao crescimento do país.
O Radar FEBRABAN foi realizado com 3 mil pessoas, entre os dias 21 de maio a 2 de junho, nas cinco regiões do país.
Considerando um horizonte mais favorável, em que haja disponibilidade de recursos extras no orçamento doméstico, as preferências dos entrevistados recaem na compra ou reforma de imóvel — 33% disseram que comprariam um imóvel e 18% aplicariam o dinheiro na poupança.
A indicação de investimentos bancários como destino de eventuais recursos financeiros excedentes converge com o elevado grau de confiança no setor (56% confiam nos bancos). O entendimento preponderante é o de que os bancos têm dado uma contribuição positiva para o desenvolvimento da economia (53%), o enfrentamento da pandemia (47%), a geração de empregos (44%), a melhora da qualidade de vida das pessoas (43%), e os negócios e atividades profissionais dos entrevistados (40%).
Cresceu também o percentual daqueles que já foram vítimas de golpes e fraudes envolvendo instituições bancárias. Mas a grande maioria (70%) declarou não ter sido vítima de golpes ou fraudes. Dentre os crimes mais frequentes, a clonagem ou troca de cartão é citado por 69%.
Ainda sobre o tema, 50% dizem já ter recebido comunicação do banco instruindo sobre golpes e 89% apontam a importância de tais materiais como alerta e prevenção. “A inflação é o inimigo número 1 do Brasil. É um fenômeno mais sério aqui porque, há 9 meses consecutivos, anualizada, vem ultrapassando a faixa dos dois dígitos. Além disso, está bastante disseminada e vem atingindo sobretudo as classes menos favorecidas. É mais sério também porque a inflação tem fatores estruturais, que estão entre nós, como o quadro fiscal débil que, vez por outra, volta a inspirar cuidados”, explica Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN.
“Nesta mais recente rodada da pesquisa RADAR FEBRABAN reverbera os desafios da retomada econômica em uma conjuntura desfavorável de inflação alta, aumento do preço do petróleo e desdobramentos do impacto da guerra na Ucrânia”, aponta o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), responsável pela pesquisa.
Essa sexta edição do RADAR FEBRABAN avaliou a evolução da expectativa dos brasileiros sobre os seguintes temas e apresenta ainda um recorte regional:
- Perspectiva de Recuperação da Economia
- Bancos
- Golpes e tentativas de golpes
A pesquisa se soma ao Observatório FEBRABAN e à FEBRABAN News, criados em 2020, como instrumentos para estreitar o diálogo do setor bancário com os brasileiros, tornando-se polo de notícias, conteúdo e ponto de encontro de debate.
Confira pontos da edição especial do RADAR FEBRABAN:
RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA FAMILIAR E NACIONAL
A maior parte dos nordestinos (57%) acredita que a situação financeira familiar só irá se recuperar depois de 2022 (52%) ou nem irá se recuperar (5%). É o maior percentual agregado de pessimismo no país, cuja média é de 51%.
Uma parcela de 21% dos entrevistados acredita que a recomposição financeira da família irá ocorrer ainda em 2022. E mais 9% afirmam já ter havido uma melhora financeira em 2021, perfazendo 30% que já se recuperaram ou estão em vias de se recuperar; 7% afirmam não terem sido afetados.
Saindo do campo das finanças pessoais para a visão sobre a economia do país, os entrevistados se mostram mais cautelosos e 73% afirmam que só haverá recuperação após 2022. Considerando ainda os 7% que acreditam que a economia brasileira não vai se recuperar, o percentual agregado de pessimismo na região é de 80%, maior do que a média brasileira (77%).
Nessa rodada do RADAR foi incorporada pergunta sobre a expectativa de crescimento do país. Seis em cada dez respondentes (62%) acreditam que esse se dará depois de 2022.
EXPECTATIVA SOBRE ASPECTOS DA ECONOMIA
- 68% dos nordestinos vislumbram o aumento da taxa de juros esse ano.
- 66% dos entrevistados apostam no aumento da inflação e aumento do custo de vida.
- 49% dos nordestinos acreditam em queda no poder de compra (contra 48% que creem em aumento ou estabilidade). A região registrou a média mais alta da pesquisa nacional neste quesito (média geral 46%).
- 44% sinalizam que haverá crescimento do desemprego (contra 53% que acreditam em diminuição ou manutenção do nível atual). A região registrou a média mais alta da pesquisa nacional neste quesito (média geral 40%).
- 26% afirmam que o acesso de pessoas e empresas ao crédito irá diminuir (contra 68% que acham que ficará como está ou irá aumentar).
IMPACTO DA INFLAÇÃO
É quase uma unanimidade (93%) a percepção de que a inflação e o preço dos produtos aumentaram ou aumentaram muito do início do ano pra cá.
O consumo de alimentos e de outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais impacta no orçamento das famílias hoje em dia (79%), representando aumento de 10 pontos em relação ao levantamento de dezembro passado.
A preocupação com o preço do combustível chegou a 44% (era 37% em dezembro de 2021). O peso do valor dos serviços de saúde ou remédios é mencionado por 13% do total da amostra. Transporte público foi lembrado por 10% e os demais itens avaliados pontuaram abaixo de 10%.
CONSUMO
Em um cenário de recuperação econômica em que as pessoas tenham recursos excedentes no orçamento familiar, a compra de um imóvel seria é o principal desejo de 33% dos entrevistados. Somada a intenção de reformar a casa (17%), esse item relacionado ao imóvel chega a 50%.
Em segundo lugar, como destino dos recursos extras, comparecem os investimentos bancários, seja poupança (18%) ou outros tipos de investimentos (16%).
Outras opções mencionadas para aplicar as sobras eventuais do orçamento foram:
- cursos e educação da família (15%)
- viagens (10%)
- fazer ou melhorar o plano de saúde (15%).
Os itens menos citados são:
- comprar carro (7%),
- comprar eletrodomésticos/ eletrônicos (4%);
- comprar moto (3%);
- fazer seguro de carro, casa, vida ou outros (2%).
AVALIAÇÃO DOS BANCOS
Entre os nordestinos, os bancos contam hoje com 56% de confiança dos brasileiros, as fintechs 55% e as empresas privadas desfrutam de 46%.
Permanece positiva a avaliação a respeito da contribuição do setor bancário para o país e a sociedade. Essa percepção favorável é maior quanto à contribuição para o desenvolvimento da economia (53%) e a ajuda no enfrentamento do coronavírus (47%)
Nesse RADAR foi acrescida ainda pergunta sobre a contribuição para “seu negócio ou sua atividade profissional”, com 40% de respondentes avaliando como positiva; 35% como neutra e 14% como negativa.
GOLPES E TENTATIVAS DE FRAUDE
O percentual de pessoas que já foi vítima de golpes ou tentativas de golpe vem aumentando. Em março deste ano, eram 20%, crescendo agora para 28%.
O golpe mais comum continua sendo o da clonagem de cartão, que dessa vez chegou a atingir 69% dos entrevistados. Em março, eram 45%, em questão de múltipla resposta.
As demais menções tiveram variações em torno de dois pontos em relação a dezembro passado. As referências ao golpe da central falsa caíram para de 27% para 25%.
Já as citações ao golpe do WhatsApp caíram na região: eram 28% em março e agora recuaram para 25%.
Também caiu o percentual referente ao golpe do leilão ou da loja virtual (de 10% em março para 4% neste levantamento).