Você, por acaso, já ouviu falar em dismorfofobia? Nome estranho, né? Dismorfofobia é um transtorno psicológico que faz com que a pessoa odeie seu corpo. Você certamente está pensando agora: “que bobagem! todo mundo odeia alguma coisa no corpo!“. Certo! Mas você já deixou de comer por odiar seu corpo? E quando eu falo “deixar de comer”, é no sentido literal e exagerado da coisa. Você, algum dia, já botou pra fora todo o almoço porque, após a refeição, passou pelo espelho e viu sua barriga “grande”? Você já deixou de sair de casa porque simplesmente não se achou bonita? Se você respondeu sim a pelo menos uma das minhas perguntas, por favor, procure ajuda especializada. 🙂
A síndrome da distorção da imagem, também chamada de dismorfobia ou transtorno dismórfico corporal, é caracterizada pela preocupação obsessiva com algum defeito corporal (existente ou não). A opinião do da pessoa que tem esta síndrome a respeito de sua própria imagem é completamente distorcida da opinião geral das pessoas. É uma discrepância entre aquilo que a pessoa acredita ser e aquilo que realmente é.
O transtorno é mais comum em adolescentes, de ambos os sexos, e está normalmente relacionada às transformações ocorridas na puberdade. Entretanto, ela também pode ocorrer em adultos e, nesse caso, as mulheres são mais acometidas que os homens. O paciente pode sofrer com o problema em torno de 10 a 15 anos até procurar ajuda médica.
É importantíssimo deixar claro que nem sempre a insatisfação com o corpo significa que a pessoa tenha algum transtorno. A busca excessiva pela magreza que aflige nossa sociedade atual tem levado muitas pessoas à uma busca frenética por um “corpo ideal”. Diariamente vemos nas redes sociais influenciadores digitais do “mundo fitness” vendendo uma realidade distorcida de que é fácil emagrecer e manter-se magro. Não é! Cada corpo reage de uma forma à atividades físicas e dietas. O ideal é respeitar sempre seu biotipo e ser acompanhada por profissionais qualificados (médico, nutricionista e educador físico).
Distúrbios alimentares
O transtorno de imagem pode levar ao surgimento de distúrbios alimentares como anorexia e bulimia. O que também não quer dizer que quem o tenha vá, necessariamente, desenvolver um transtorno alimentar. Mas é preciso ficar atento, já que atualmente, a forma mais frequente do transtorno dismórfico é referente ao peso do corporal, visto que pessoas com o peso adequado à sua altura e faixa etária, tendem a se considerarem acima do peso e acabam se submetendo a regimes perigosos e procedimentos cirúrgicos.
Como identificar o problema
O diagnóstico desse transtorno é muito difícil, já que grande parte dos pacientes não aceita a dismorfofobia e, a maioria deles, se justifica como sendo vaidade e acha até positivo, já que estaria “cuidando da aparência”. Além disso, a crítica vinda de quem não entende o problema e o julga como futilidade, também dificulta, já que inibe a pessoa de falar a respeito dele.
Por isso é importante que familiares e amigos fiquem atentos a alguns sinais que podem ajudar a identificar a síndrome. Pessoas com dismorfobia costumam demorar muito tempo em atividades simples como verificar a aparência no espelho, pentear cabelos e cuidar da pele, por exemplo. Eles também têm costume de se comparar com modelos em revistas e outras pessoas que julgam serem “perfeitas”. Também é comum dar uma importância exagerada à marcas mínimas e praticamente imperceptíveis, achando que estas serão observadas por todos. Tudo isso leva essas pessoas a sentirem-se excluídas, angustiadas e perseguidas. Algumas chegam a evitar lugares públicos, reuniões com amigos ou até sair de casa!
Causas e Tratamentos
As causas do transtorno de distorção de imagem ainda não foram totalmente esclarecidas. Alguns estudiosos acreditam que pode ser gerado pela baixa autoestima, decorrente de uma infância deficiente de carinho e aprovação. Já outros acreditam que pode ser desencadeado por causas orgânicas e agravados pela exibição de figuras padronizadas pelos meios de comunicação e também pelo sentimento de abandono.
O ideal é que a pessoa procure ajuda de um psicólogo. Este profissional é quem poderá identificar o grau do transtorno e os melhores caminhos para o tratamento.
Indicação de leitura
Se você se interessou pelo assunto e quer saber mais, indico o livro da jornalista Daiana Garbin, “Fazendo as pazes com o corpo“. Aquela mulher linda e loira se acha feia desde os 5 anos de idade. E ela fala, com gabarito e muita delicadeza, sobre esse transtorno desde quando começou a se comportar de forma diferente até quando descobriu o problema, passando por todos os perrengues com o marido, o também jornalista Tiago Leifert. Eles quase se separaram por conta do problema de Daiana. O livro traz orientações de psicólogos especialistas no assunto e depoimentos de mulheres que sofrem como ela. Vale muito a pena! Ela também tem um canal no Youtube, o “Eu Vejo“. Assista! 🙂
O texto sobre depressão está perfeito. Objetivo e muito esclarecedor. Parabéns,Dani Castro.
Muito esclarecedor.